Fraude delivery
- A. Carolina Malfatti B.
- 25 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
Os serviços de entrega em domicílio cresceram estratosfericamente durante a pandemia. Além de a entrega de refeições ser reconhecida como um serviço essencial e não sofrer fechamento, é um conforto que caiu nas graças do povo brasileiro e, com isso, chamou a atenção dos criminosos pela alta demanda e rentabilidade.
Nesta semana, às 22:30h, recebi uma ligação de uma cliente em desespero do Rio de Janeiro que estava hospedada em São Paulo. Ao pedir comida pelo ifood no valor de R$ 42,90, foi vítima de um golpe de R$ 4.042,90 (quatro mil, quarenta e dois reais e noventa centavos). A atuação criminosa está tão profissional que não levantou suspeitas.
Ao utilizar o aplicativo para fazer seu pedido e pagar, recebeu uma ligação da suposta entregadora, informando que tinha se envolvido em um acidente, mas que a central do ifood entraria em contato para agendar nova entrega porque ficara impossibilitada de fazê-la.
Alguns minutos depois, recebeu a ligação de alguém que se identificou como funcionário do ifood com pedido de desculpas porque a entrega não seria realizada no tempo previsto, mas que já tinha outro entregador para realizá-la. Contudo, explicou que o pagamento do primeiro pedido tinha sido cancelado e que a cliente deveria efetuar o pagamento na máquina que estaria em posse do motoboy. Este chegou no hotel e subiu no apartamento com a comida escolhida pela vítima. Sem desconfiar, a consumidora pegou a refeição e fez o pagamento na máquina. Logo depois, recebeu a confirmação do pagamento em seu celular de mais de 4 mil reais.
Ao explicar sobre a máquina utilizada para passar o cartão (que também faz parte da fraude), ficou impressionada com o profissionalismo da quadrilha. Ela é de cor amarela, não imprime comprovantes e tem um defeito preto na tela que impede a pessoa de ver o real valor cobrado, aparecendo somente o valor do pedido feito pelo aplicativo.
Após orientá-la no passo a passo para a resolução da problemática, segui para a explicação jurídica para o caso.
O aplicativo tem total responsabilidade quanto às informações cadastrais de seus consumidores. No caso da minha cliente, o cadastro dela foi vazado. Ademais, a plataforma da empresa está sendo corriqueiramente hackeada. É tamanha a gravidade, que os bandidos têm acesso em tempo real aos pedidos dos clientes, seus endereços e tudo o que constar no cadastro, inclusive dados dos cartões de crédito. Outrossim, é claro o envolvimento do entregador. É preciso entender que a empresa é quem avalia e cadastra aqueles que se interessam em trabalhar com as entregas, ou seja, também tem a responsabilidade quanto às atitudes criminais de seus colaboradores, mesmo que sejam indiretos.
Diante desta situação, a empresa deve restituir o consumidor que sofreu a fraude. Caso isso não aconteça, uma ação judicial cumulada em danos materiais e morais deve ser ingressada.
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